domingo, 28 de fevereiro de 2010

Guerreiro cansado II

Algumas coisas irão acontecer por que devem acontecer,
Outras irão ser feitas acontecer, pois não acontecem sozinhas.
Um rei poderá mover o homem para a fúria da guerra,
Mas somente o homem pode se tornar um guerreiro que encontra a glória.
Mesmo em uma batalha que não seja a sua.

Sabe que não deve cortejar a ambição,
E que em campo deverá ser frio, calculista e insano.
Sabe que aqueles que amam demais perdem tudo,
E que a confiança nos homens é o mesmo que uma taça de cicuta.

Aprende desde cedo que toda experiência vem da perda,
E se pergunta se seria a vida ou a morte uma doce ilusão,
Pois encara as cicatrizes com uma reverência a memória,
Uma súplica no escuro aos campos alísios, onde os ventos sopram sempre para o oeste.
Onde não há dor, e os ventos sopram sempre para o oeste...

Um guerreiro sabe que o que é estranho não vem dos homens,
Pois, mesmo com todo o misticismo ele só vê brutalidade.
Que o sangue que jorra pelo fio da espada é de um outro homem honrado.
O sangue que jorra da ferida talhada é de um homem que deve ser respeitado.

O homem que volta da batalha liderando seus exércitos é apenas um homem.
Um homem que em casa não encontra seu amor sabe que a solidão é seu pior fruto.
É o guerreiro respeitado pelos seus semelhantes, e apenas afia a sua espada.
Sabe que vai pra uma outra batalha, que lhe trará a morte ou mais sofrimento.
Sabe que no fim ele luta por nada. Sem amor, sem paz, sem coragem, sem esperança.

Honra e Glória.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Saint's

Saint’s

Ele é um homem, que é constantemente julgado.
Ninguém nunca o vê maltratar alguém.
E quando vê, é por que está ameaçado.
Ele nunca havia destilado ironia...
Até ser profundamente provocado.

Andou reformulando seus ideais, e se tornou um ser estranho.
Tem sido um pouco seco. Um tanto quanto estúpido.
E nunca mais jurou proteger, todos aqueles que amava.
E ele jurou não procurar saber, como o mundo estava.
Se arrependeu de ter tentado, e tem afundado.

Deixou de acreditar na humanidade, deixou de andar pela cidade.
O seu refúgio era o céu o mar. E provocar os risos de felicidade.
Sua terapia diária e intensiva. Que se tornou exaustiva.
Se cansou de hipocrisia, se cansou de anistia. Prometeu não perdoar.
Ele não enxergava mais as pessoas com outros olhos. Ele já não sabia amar.

E ele nunca deixou de ajudar, a quem precisasse.
E mesmo sendo ácido e sarcástico, tinha um tom eclesiástico.
Ele haveria de morrer um dia, seja pelo tempo ou por mãos inimigas.
Ele haveria de parar de avisar. De mostrar a quem amara um dia,
O que não se deve confiar. Nunca se deve confiar.

E hoje ele será caçado pelos religiosos,
Por ser um bom homem e nunca ter contado o segredo.
O sol e a lua irão se tocar, e o mundo cairá em medo.
Enquanto o seu nome é devidamente abençoado.
Bendito seja o Saint’s, o pobre coitado.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ares e Apolo

Quando menino, Zeus havia por sonho tinha me avisado:

“Não há nada de errado,
Com que irás escolher.
Mas meu filho,
Tome cuidado
Com destino que queres
Por fim ter.”

Acordei por um enorme clarão no meio da noite,
E Ares mostrou-me portando em uma das suas mãos,
Um presente que faria qualquer mortal,
Brigar com espada e açoite.

“Preste atenção,
Desta dádiva
Muitos mortais adorariam
Apenas sentir a vibração.

Com cordões de lã negra,
Uma caixa de veludo e cetim
Portando pérolas e Ambrósia
E o coração do dragão ”.

Maravilhado por apenas sentir aquela energia,
Me senti em pura euforia,
E descobri que eu não sabia,
O que ele queria me dizer.

E ele com muita destreza,
Pôs em cima de minha mesa,
Um tanto de vinho puro,
E indagou totalmente seguro:

“É essa benção que queres ter?”

Mas a minha casa brilhou como a filha do sol,
E me senti como um peixe no anzol,
Meio que pra morrer.
Então meus olhos viram, o que nunca imaginei ver.

Apolo o deus dourado, veio me oferecer um outro trato.
E totalmente inebriado, ele se pôs a dizer:
“Isso é para poucos. Mortais que viram ficaram loucos.
Espero que você saiba escolher.

Com fios dourados,
Uma caixa bronzeada
Portando ouro e prata
E as asas de um anjo “.

Então sem saber o que dizer,
Me mostrei como menino,
Dizendo que esse insólito,
Havia me pego desprevenido.

Os deuses se entreolharam,
Riram... Gargalharam...
Depois, sérios me falaram,
O que eu temia saber.

“ Mortal, isso é uma bênção.
E pode-se tornar maldição.
Hades adoraria
Em ti por a mão.”

Ao ouvir tais palavras,
Pedia a Atena por minha alma,
E então com muita calma,
Eu me coloquei a pensar.

Decidi como que por um pulo,
Olhei para eles inseguro,
Falei como quem vai morrer:
“É a segunda das caixas que quero ter.”

Ares deu-me uma terrível gargalhada,
Olhou para os céus,
E disse como quem não diz nada,
“Mortal, é pela solidão que vais morrer”.

Apolo deu outra risada,
Se prostrou contra uma bancada,
Colocou a caixa selada,
Dizendo: “Abra quando tiver olhos para ver”.

Então hoje vivo sem nada.
E essa história foi contada,
Para que possas entender
O quão revistas dádivas devem ser.

Peço apenas que não me pergunte nada,
Aprecie a madrugada,
Ela é apenas um bebê.
E sempre, sempre, sempre...

Pense muito bem no que vai escolher.

Silêncio

Existe na minha rua um silêncio vertiginoso
Seja lá por qual for o motivo, ela não parece respirar.
A vida não corre pelos vãos, vielas, becos e cruzamentos.
Não há mais cânticos na encruzilhada,
Não sei se por que não é dia, mas madrugada.
Não sei se é por que hoje minha alegria não é dividida.
Não sei se é por que não há autos, e não há escadas
Que possam ranger ou fazer barulho.
Não sei se é por que eu escrevo e eles dormem,
Se pra eles são quatro, mas só me deram duas estações.
Se por que o que é delicioso é também o mais proibido.
O se é por que meu maior refúgio é meu pensamento,
Se é por que minha casa mora dentro de mim.
Se for por que eu não quis e não pude controlar sua vontade,
Já que o seu instinto foi tão poderoso quanto o meu.
Se for por que essa sede é tão insaciável,
Ou por que estão todos cansados.
Se for por que minha fé em alguém é tão facilmente abalável,
Ou o tédio, que é tão sociável.
Não sei qual é a estreita relação entre o não saber,
E o não querer questionar.
Se o medo de machucar alguém, possa por fim me machucar.
Sei somente que essa rua fede a silêncio em pleno carnaval,
E nos vãos, vielas, becos e cruzamentos,
Moram muito mais do que seres esquecidos.
Moram lá, uma revolução de pensamentos.
E aqui dorme tranqüilo, um romântico exasperado.

A canção do holocausto.

Cada cabeça é uma sentença.
Vamos vender o nosso equilíbrio por aulas de Yoga.
Trocar nossos rádios por pilhas,
Recarregar o celular com o fio da televisão.
Mastigar urânio com arroz e feijão.
Escrever na mesa e apagar a tinta com borracha e caneta.
Dançar reggae no embalo do perneta.
Comer cactos e cuspir agulhas,
Beber café e urinar fagulhas.
Tomar álcool até o motor funcionar.
Vamos deslizar nas paredes,
Usar o desfribrilador até o coração parar.
Vamos andar para trás, como os relógios do conde.
Cuspir fogo e espirrar gelo.
Arrumar as nossas malas para uma viajem astral.
Tirar minha pele pra te dar-te um casaco de pêlos.
Fazer o nosso governo uma anarquia geral,
Encurralar o demônio na encruzilhada.
Matar nosso Deus com uma lança e uma espada.
Zombar de nossos filhos, matar os nossos índios.
Descobrir a melhor maneira de apertar uma mão.
Decodificar o pensamento do criador, criando ervilhas.
Dizimar, aniquilar e destroçar a mais fraca nação.
Fazer amor e paz, montando guerrilhas.
Gostar tanto pra fazer o sangue jorrar.
Flutuar em cima da cama,
Usar rosas como punhal no peito de quem se ama.
Usar uma guitarra como agente apaziguador,
Enquanto a socamos contra o maldito ditador.
Enquanto pássaros voam nos mares,
E peixes nadam no asfalto.
Enquanto mandamos tudo pelos ares,
E cantamos a canção do holocausto.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

índigo

Acalme-se, pequena criança,
Eles só querem sentir a luz de você.
Acalme-se, garoto iluminado.
Ensine-me a viver.
Ensine-me a viver...

Mostre-me com sua música,
Como Lennon mostrou,
Mostre para todos nós,
Como nos filmes que Chaplin filmou.

Vamos, pequena criança, a vida precisa te ver.
Não deixe criança...
Eles não podem tomar o índigo de você.
Mostre-nos como viver,
Ensine como viver...

Mostre-nos a igualdade que precisamos ter,
Como Marley cantou,
Mostre pra todos, criança,
Como Leonardo desenhou.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Romântico realista

É como apertar um punhado de areia nas mãos
É como implorar ao padre pra que te possas perdoar.
É olhar para o azul do céu laranja-avermelhado,
É sentir seu corpo ser recarregado pelo mar.
É acordar e não abrir os olhos
É escutar e não ouvir falar,
É ter mãos e não sentir tocar.
É sentir raiva e guardar.
É olhar toda e não ver
É o não ter mais pele pra arrepiar,
É ser um clássico moderno.
É ter lápis e não desenhar.
É ser amado e esquecido,
É ser odiado, no entanto querido.
É um é um eufórico depressivo,
É matar o infinito.
É saber e não fazer na vista.
É ter tudo rápido e sentir demora.
É ser o romântico realista.
É nada ao mesmo tempo tudo, e no inexato agora.

Barulho demais distrai a mente.

3 velhinhas suicidas.

Eu já me cansei de esperar. Cansei de perdoar e tolerar.
Estou cansado de prever todos os seus passos.
Esses que tinham dito nunca terem dado.
Estou cansado de estar sempre ao avesso, ao contrário.

Fraquejando de tanta solidão.
Dessa que cresce mais ainda no seu abraço.
Naquela que grita quando eu cruzo tais olhos.
Olhos amáveis, amendoados e letais.
E eu adoro perecer entre os cílios deles.

Estou cansado de tanta debilidade.
Atitudes de duplo sentido, coisas não explicadas.
Explicações ilógicas, explicações lógicas, facas de borracha, mão dupla, mão de ferro.
Punhais nas costas.

Estou tonto com tanta falsidade,
Falsidade ideológica, produtos contrabandeados, relacionamentos comprados.
Relacionamentos profundos.
Abduções, estelionatos, divórcios, seitas satânicas, assaltos, e freirinhas satânicas assaltando divorciados.
Relacionamentos abruptos.

Estou cansado de ser julgado por erros cometidos pelo meu juiz.
É fácil falar de outros e esquecer a si mesmo.
É sagaz, fugaz, imatura e fútil. E ao mesmo tempo fala mal de todos eles.
E os beija todas as manhãs.

O jardim do poeta

Promessas são apenas palavras ditas com muita entonação.
Tapa, é aquilo que seu rosto ganha com a força de uma mão.
Sonhos apenas são da mente, uma projeção.
Um sentido pra existência, só depende de sua visão.

Não há mais flores naquele jardim.
Para o poeta simplesmente sobraram lágrimas
Um pouco de palavras embargadas,
E uma ferida ardente no meio do coração.

Mentiras são apenas desinformações seletivas.
Afrontas são atitudes com peso negativo na medida
Para fazer uma pessoa se tornar inimiga,
Um antigo irmão em sua antiga vida...

Não há mais água nesse velho poço,
As viajantes distantes aqui não podem mais se refrescar.
A vida é injusta para o poeta.
Tomou dele a antiga inspiração para recitar.

O corpo

Beije esse corpo todo,
Sinta o cheiro delicioso invadindo sua alma,
O gosto salgado salivando em tua boca,
O toque da pele ao sentir a outra.

Mas nunca se esqueça que ele nunca foi seu,
Nunca se esqueça, que o mundo tomará de você.
O que nunca foi seu.

Morra de vontade de ouvir apenas a voz dele,
Morra de preocupações se uma farpa ferir ele,
Mas saiba que no fim das contas,
Nada doerá mais do que perder todo o amor que depositou nele.

Nunca se esqueça que ele nunca foi seu,
Nunca se esqueça que o mundo um dia poderá tomá-lo de você,
Aquele corpo... Que nunca foi seu.

E quando andar cabisbaixo pelos vãos,
Quando sair procurando por olhares em qualquer direção...
Lembre que as rosas exalam um cheiro maravilhoso,
Mas apenas quando se abrem em determinada estação.

Assim como tomaram o que um dia você teve,
O mundo tomará providências pra que um dia seja você,
E nesse dia quando o destino se por a rir dessa tragédia,
Esteja à parte do drama que viveu, e se mantenha longe da comédia.

A fúria dos deuses

Acho que alguém socou a fúria dos deuses.
Acho que ela deve ter cambaleado até a direita,
Olhado a todos enraivada,
E ter corrido direto pro meu lado.

Deve ser meio irônico...
Não saber o que se deve saber,
Mas ainda assim rir da miséria.
Mesmo na dúvida mortal.

Deve ser meio ácido...
Carregar algo que não é seu,
Entregar a alguém que não vai cuidar.
E esperar a benção de Deus.

Acho que alguém deve ter me avisado antes.
Acho que vi isso escrito em algum lugar.
Mas a dúvida e até a certeza,
São psicológicas e podem me matar.

A.A.

Esse entorpecente me deixa só aliviado.
Essa discussão diária é um porre vindo em ânforas.
Essa carranca anfitriã foi que me fez ir embora.

Vou bebericar um pouco de vinho e mel.

Essa sua armadura bélica de rancor é só medo.
Esse jeito superior de todos os que te rodeiam é medo.
Esse seu olhar é medo. Puro medo.

Vou beber um pouco de vinho e mel.

E aqueles que porventura chegarem a entrar neste reino,
Serão apenas bem-aventurados, solitários e cansados guerreiros.
E que seu nome seja santificado.

Enquanto eu bebo demasiadamente, vinho e mel.

Animosidade Anódina*

O número imperfeito

“Se você quiser alguém pra ser só seu
É só não se esquecer, eu estarei aqui”.
Legião Urbana - Eu era um lobisomem juvenil

O número imperfeito

Procurei em outros olhos encontrar seus olhares,
Eu tentei sobre outros ombros ver céus e mares.
Levantei-me todos esses dias tentando deitar,
Ter uma noite tranqüila de sono e poder sonhar.

Acertei muitas vezes o nariz na porta,
Me perdi em um labirinto de poesia morta.
Troquei de lugar com a mágoa que tentei afogar.
Um dia, tive tudo o que alguém poderia encontrar.

Encontrei no riso uma nova saída,
No seu sorriso percebi o que perdi da vida.
Foi com o resto do sentimento que sacudi a poeira,
Fui nadando esses tempos em uma piscina sem beira.

E sete são os selos do apocalipse,
E sete foram os dias em que Deus criou o mundo.
E seis foram aqueles imperfeitos,
Nos quais, não houveram defeitos
Que não soubemos amar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tinta mística II

Tem um cheiro forte aqui,
Ele entra pelo meu nariz,
Invade minha mente,
Inquieta minha alma.

Existem palavras marcantes aqui,
Elas entram pelos meus ouvidos,
Tatuam em minha pele,
E me deixam a rabiscar.

Tem fatos marcantes aqui,
Eles são poucos, e memoráveis.
Eles surgiram no escuro,
E me fizeram chorar.

Jah

Seu coração tem a força de um milhão de bombas atômicas,
Seu sangue é o mais puro de todos os ácidos.
Seus olhos vêem além do que existe.
Ele expira o que vamos respirar.

E ele está voltando...
Voltando...

A sua aura cega o mais puro dos santos,
A sua voz, é tão doce que amarga.
Seu corpo é formado por milhões de almas,
Sua música nos faz delirar.

E ele está para voltar...

Ele está em todo canto com sua energia,
Ele movimenta as coisas com suas gigantescas mãos.
O universo é o órgão vital dele.
Por ele, o equilíbrio ainda é mantido.

Ele está entre nós.

Seu julgo é decidido desde primórdios,
A maior dádiva concebida é o livre-arbítrio,
Por energias positivas seu corpo é permeado.
Ele pode sentir cada alma que vaga no mundo.

Ele vive... Ele vive...

Sonhos e segredos

Mergulhando na lama,
Beijando os pés do poder.
É assim que esperamos o dia nascer.

Catando alguém de lugar em lugar.
Prazer fácil pode até encontrar,
Mas boa parte do resto é traiçoeiro.

Bebendo e caindo em buracos,
Achando que o máximo nunca foi encontrado.
Jamais encontraremos um meio.

E nada mais o abalará,
E ninguém jamais saberá,
O quanto pesa o mundo em suas costas.

E seus segredos serão apenas segredos,
E seus sonhos, seus brinquedos.
Até serem revelados.

Entendê-los será sempre um problema,
Suas mentes chafurdam em dilemas,
De paradoxos e contrastes amaldiçoados.